terça-feira, 27 de março de 2012

"MUTAÇÕES SOCIAIS E SISTEMAS EDUCATIVOS " - Reflexão



      Na passagem de uma sociedade da informação, para uma sociedade do conhecimento, em consequência da globalização proporcionada pelas Tecnologias da Informação e da Comunicação (TIC), os sistemas educativos são, mais do que nunca, pressionados por uma sociedade que procura respostas. Respostas ao desemprego, cada vez maior e mais generalizado; respostas para a insegurança, que cada vez mais se instala, de forma transversal; respostas para o futuro, para a sobrevivência, dia a dia mais sombrios.
     Não há receitas conhecidas e os sistemas educativos, autênticos eixos estruturais do desenvolvimento social, pela via do alargamento do conhecimento, reagem lenta e vagarosamente, nem sempre contribuindo com as respostas  atempadas que a sociedade tanto anseia.
         Algumas certezas, porém, tornam-se cada vez mais consensuais, nesta autêntica “aldeia global” com meia dúzia de vizinhos ricos e dúzia e meia de vizinhos muito pobres.
        Uma primeira certeza é a de que, sobreviver numa sociedade com estas características passa, necessariamente, pela escolarização de todas as pessoas, de modo a dar-lhes destrezas  e competências que lhes permitam traçar e desenvolver um projecto de vida. É nesta linha de pensamento que se encaixa tão bem a frase postada pela colega Ana Carlos que dizia mais ou menos isto: Se consideras que a educação é cara, espera para veres o custo da ignorância. De facto, numa sociedade globalizada, entre todas as incertezas com que as sociedades se confrontam, a educação e a instrução parecem ser a única luz, brilhando ao fundo do túnel da sobrevivência.
        Esta escolarização tanto pode constituir uma primeira alfabetização de base (nos países mais pobres onde esta ainda não é generalizada), como um prolongamento no tempo, do que constitui a chamada escolaridade obrigatória (países desenvolvidos), como ainda a criação/desenvolvimento, de um ensino profissionalizante, básico e secundário, em variadas áreas, de modo a dar respostas às pressões sociais pela procura de emprego. Passa também, e cada vez mais, pela formação profissional em contexto de trabalho e pela formação ao longo de toda a vida.  
         Uma segunda certeza tem a ver com as TIC e a sua capacidade, quase ubíqua, em disseminar informação e ampliar conhecimento. A modernização dos países, qualquer que seja o seu nível de desenvolvimento passa/passará também por aqui. Quanto mais modernos forem os suportes tecnológicos, melhor posicionados estarão os países e respectivos cidadãos no acesso, transformação e criação do conhecimento que é o capital da sociedade globalizada.
          Uma terceira certeza, prende-se com o papel da inovação e da investigação, motrizes da criação de novo conhecimento, e que ocorrem sobretudo no ensino superior, universitário e pós universitário. É preciso que os países criem condições para que os seus criativos, investigadores e cientistas, trabalhem em prol do seu país e que, por motivos de ordem vária, não se evadam para outros países. O desenvolvimento de cada país deve apostar, cada vez mais e sobretudo, nos seus recursos endógenos.
         Uma quarta certeza tem a ver com o que se espera da escola e do sistema educativo. Segundo Delors (1997), no Relatório para a Unesco da Comissão Internacional sobre a Educação para o século XXI  -“Educação: Um Tesouro a Descobrir”  -  o futuro da Humanidade parece dever assentar, com urgência, em quatro pilares que visam não só o acesso ao saber, mas também e tão importante, uma nova forma de viver e de ser/estar em comunidade e em sociedade. São eles: o saber; o saber-fazer; o saber - viver com os outros e o saber-ser.
      Os sistemas educativos atuais, assentes sobretudo na divulgação do saber, têm então que reinventar-se, dinamizar-se e agilizar-se de forma a integrar/desenvolver, efectiva e consistentemente, não só o saber-fazer (formação cada vez mais profissionalizante), mas direccionar os currícula  e as experiências de aprendizagem, também para o saber –viver em comunidade, promovendo a emergência  do  saber-ser.

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