Na passagem de uma sociedade da
informação, para uma sociedade do conhecimento, em consequência da globalização
proporcionada pelas Tecnologias da Informação e da Comunicação (TIC), os
sistemas educativos são, mais do que nunca, pressionados por uma sociedade que
procura respostas. Respostas ao desemprego, cada vez maior e mais generalizado;
respostas para a insegurança, que cada vez mais se instala, de forma
transversal; respostas para o futuro, para a sobrevivência, dia a dia mais
sombrios.
Não há receitas conhecidas e os sistemas educativos,
autênticos eixos estruturais do desenvolvimento social, pela via do alargamento do
conhecimento, reagem lenta e vagarosamente, nem sempre contribuindo com as
respostas atempadas que a sociedade
tanto anseia.
Algumas certezas, porém, tornam-se cada vez mais
consensuais, nesta autêntica “aldeia global” com meia dúzia de vizinhos ricos e
dúzia e meia de vizinhos muito pobres.
Uma primeira certeza é a de que, sobreviver
numa sociedade com estas características passa, necessariamente, pela
escolarização de todas as pessoas, de modo a dar-lhes destrezas e competências que lhes permitam traçar e
desenvolver um projecto de vida. É nesta linha de pensamento que se encaixa tão
bem a frase postada pela colega Ana Carlos que dizia mais ou menos isto: Se consideras que a educação é cara, espera
para veres o custo da ignorância. De facto, numa sociedade globalizada,
entre todas as incertezas com que as sociedades se confrontam, a educação e a
instrução parecem ser a única luz, brilhando ao fundo do túnel da
sobrevivência.
Esta escolarização tanto pode constituir uma
primeira alfabetização de base (nos países mais pobres onde esta ainda não é
generalizada), como um prolongamento no tempo, do que constitui a chamada
escolaridade obrigatória (países desenvolvidos), como ainda a criação/desenvolvimento,
de um ensino profissionalizante, básico e secundário, em variadas áreas, de
modo a dar respostas às pressões sociais pela procura de emprego. Passa também,
e cada vez mais, pela formação profissional em contexto de trabalho e pela
formação ao longo de toda a vida.
Uma segunda certeza tem a ver com
as TIC e a sua capacidade, quase ubíqua, em disseminar informação e ampliar
conhecimento. A modernização dos países, qualquer que seja o seu nível de
desenvolvimento passa/passará também por aqui. Quanto mais modernos forem os
suportes tecnológicos, melhor posicionados estarão os países e respectivos cidadãos
no acesso, transformação e criação do conhecimento que é o capital da sociedade
globalizada.
Uma terceira certeza, prende-se
com o papel da inovação e da investigação, motrizes da criação de novo
conhecimento, e que ocorrem sobretudo no ensino superior, universitário e pós
universitário. É preciso que os países criem condições para que os seus
criativos, investigadores e cientistas, trabalhem em prol do seu país e que,
por motivos de ordem vária, não se evadam para outros países. O desenvolvimento
de cada país deve apostar, cada vez mais e sobretudo, nos seus recursos
endógenos.
Uma quarta certeza tem a ver com
o que se espera da escola e do sistema educativo. Segundo Delors (1997), no Relatório
para a Unesco da Comissão Internacional sobre a Educação para o século XXI -“Educação: Um Tesouro a Descobrir” - o
futuro da Humanidade parece dever assentar, com urgência, em quatro pilares que
visam não só o acesso ao saber, mas também e tão importante, uma nova forma de
viver e de ser/estar em comunidade e em sociedade. São eles: o saber; o
saber-fazer; o saber - viver com os outros e o saber-ser.
Os sistemas educativos atuais,
assentes sobretudo na divulgação do saber, têm então que reinventar-se,
dinamizar-se e agilizar-se de forma a integrar/desenvolver, efectiva e
consistentemente, não só o saber-fazer (formação cada vez mais profissionalizante),
mas direccionar os currícula e as experiências de aprendizagem, também para
o saber –viver em comunidade, promovendo a emergência do saber-ser.
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